O Brasil é um dos principais alvos
dos traficantes da fauna silvestre devido a sua imensa biodiversidade. Esses
traficantes movimentam cerca de 10 a 20 bilhões de dólares em todo o mundo,
colocando o comércio ilegal de animais silvestres na terceira maior atividade
ilícita do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas. O Brasil
participa com 15% desse valor, aproximadamente 900 milhões de dólares!!!
A Lei de Crimes Ambientais, criada em fevereiro de 1998,
considera os animais, seus ninhos, abrigos e criadouros naturais, propriedade
do Estado, considerando que a compra, a venda, a criação ou qualquer outro
negócio envolvendo animais silvestres é crime inafiançável.
De cada 10 animais traficados, 9
morrem antes de chegar ao seu destino final. Em outras palavras quase 38
milhões de espécimes são arrancados de seus ninhos (aves) e tocas (mamíferos).
Desse número, apenas 1% chegará ao destino final. Vocês têm ideia quantos
filhotes estão morrendo, diariamente, nas mãos dos contrabandistas? Eles saem
do país, pelas fronteiras, escondidos em malas e sacolas, passando nas barbas
da polícia, totalmente dopados, anestesiados e provavelmente já mortos por maus
tratos!!
O Brasil ocupa o 2º lugar no mundo
de espécies de "aves" ameaçadas.
Há quadrilhas organizadas e
especializadas no tráfico de animais e que são bem estruturadas para a venda
ilegal. Cerca de 70% do comércio é para o consumo interno e o restante é
exportado. Este tráfico envolve um grande número de pessoas, iniciando com os
capturadores ou caçadores (geralmente pessoas muito pobres e que conhecem o
hábitat dos animais).
A captura acontece em lugares em que
há grande biodiversidade: como a região Norte, o Pantanal e o Nordeste — regiões
pobres do ponto vista socioeconômico. As principais áreas de captura estão nos
estados do Maranhão, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins,
Minas Gerais e região amazônica. Depois, o animal passa por vários
intermediários até chegar aos grandes comerciantes que ficam no eixo Rio - São
Paulo.
Nestas capitais acontecem o maior
volume de vendas. Os animais têm diversos destinos: muitos são vendidos
ilegalmente em feiras, outros vão para criadores ou criadouros, quando
exportados, o destino é normalmente a Ásia, a Europa ou o Estados Unidos. É
comum acharmos na feira de Praga (Europa) araras brasileiras por 4 mil reais,
ou seja, o animal que foi capturado por 50 centavos (R$0,50) é vendido por oito
mil vezes mais.
Há informações de que a lucratividade
do negócio ilícito atraiu a cobiça de organizações criminosas como a máfia
russa, que também está participando do tráfico de animais.
Quando recolhidos pela
fiscalização, os animais silvestres encontram-se em péssimas condições, alguns
já mortos, dopados, maltratados, com fome, sede e frio. São filhotes, são
bebês, mal enxergam, sem pêlos e sem penas... Necessitam ser rapidamente
alojados, alimentados, protegidos e recebem cuidados médicos. Alguns animais
sofrem outro tipo de violência: têm seus olhos furados, para não enxergarem a
luz do sol e não cantarem - caso das aves, evitando chamar a atenção da
fiscalização. Todos são anestesiados para que pareçam dóceis e mansos.
No Brasil, o comércio ilegal da fauna
silvestre divide-se claramente em duas modalidades básicas:
O tráfico interno, que tem como característica a sua
desorganização, sendo praticado por caminhoneiros, motoristas de ônibus,
pequenos comerciantes e miseráveis, que saem de suas cidades levando animais
silvestres que vão lhe garantir dinheiro para a viagem e comida.
O tráfico internacional - sofisticado,
esquematizado, planejado, com pessoas inteligentes, grandes nomes na sociedade
internacional, artistas milionários, inúmeras empresas e grandes laboratórios,
que seguem esquemas criativos e originais, distribuem subornos e contam com a
condescendência de funcionários do próprio governo, de empresas aéreas e até de
políticos.
O tráfico da fauna silvestre brasileira divide-se em
três objetivos distintos:
·
Colecionadores particulares;
·
Animais para fins científicos;
·
Animais para comercialização
internacional em "pet shops".
Todos esses animais deixam o país
através dos portos e aeroportos das principais cidades brasileiras ou então,
através das fronteiras dos países limítrofes ao Brasil, como Argentina,
Paraguai, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guianas e principalmente o Suriname,
onde jatinhos particulares, aguardam a chegada de dezenas de caminhões
brasileiros que levam nossos animais, aos milhares, para terras internacionais.
Estatísticas
Animais
de Estimação
|
|
Nome Comum
|
Valor em US$ / Unidade
|
Jiboia
|
800 a
1.500
|
Tartaruga
|
350
|
Arara- Vermelha
|
3.000
|
Tucano-toco
|
2.000
|
Animais
para Coleção
|
|
Nome Comum
|
Valor em US$ / Unidade
|
Arara-azul-de-lear
|
60.000
|
Papagaio-de-cara-roxa
|
6.000
|
Mico-leão-dourado
|
20.000
|
Jaguatirica
|
10.000
|
Animais
para Fins Científicos
|
|
Nome Comum
|
Valor em US$
|
Jararaca-ilhoa
|
20.000
(por unidade)
|
Cascavel
|
1.400
(por unidade)
|
Surucucu-pico-de-jaca
|
3.200
(por unidade)
|
Coral-verdadeira
|
31.300
(por grama de veneno)
|
Animais
mais procurados pelo tráfico:
Papagaio-de-cara-roxa
Arara Canindé
Arara-vermelha
Corrupião
Curió
Tie-sangue
Saíra-sete-cores
Tucano
Mico-leão-dourado
Macaco-prego
Jaguatirica
Animais
para colecionadores particulares e zoológicos: este
talvez seja o mais cruel dos tipos de tráfico da vida selvagem, pois ele
prioriza principalmente as espécies mais ameaçadas de extinção. Quanto mais
raro for o animal, quanto mais ameaçado, ou quanto menos exemplares existir na
natureza, maior é o seu valor de mercado.
Exemplos:
Arara
Azul de Lear
Arara
Canindé (azul/amarela)
Papagaio
Cara Roxa
Mico Leão
Dourado
Jaguatirica
Animais
para fins científicos: neste grupo encontram-se as
espécies que fornecem a química base para a pesquisa e produção de
medicamentos. É um grupo que percebeu as facilidades no país e por isso mesmo
aumenta a cada dia.
Exemplos:
Jararaca
Jararaca Ilhôa
Cascavel
Sapos Amazônicos
Aranha marrom
Outras aranhas
Besouros
Vespas
Os animais abaixo têm substâncias
extraídas para serem vendidas por grama.
Exemplos:
Jararaca
Urutu
Surucucu
Coral
Aranha marrom
Escorpião brasileiro
Animais
para pet shops: É a modalidade que mais incentiva o
tráfico de animais silvestres no Brasil. Devido à grande procura, todas as
espécies da fauna brasileira estão incluídas nessa categoria. Os preços variam
de acordo com a espécie e quantidade encomendada.
Exemplos:
Jiboia
Tartaruga
Arara Vermelha
Tucano
Melro
Saíra
Sagui
Sites: UOL, GLOBO, TERRA e Fundação Parque Zoológico de São Paulo
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